Amargo Remorso







Hoje
sentado na cadeira velha
na varanda da vida
desfilam em minha mente
lembranças e desesperanças
Sentindo meu coração
se apertar, se murchar
quando lembro
dos meus agora adultos
mas antes, minhas crianças
Agora
sinto-me envelhecer
e não ter sabido
em meus braços
os acolher
quando ainda existia a bonança
De ter andado de mãos unidas
levando-os à escola
De tê-los acompanhado
às festas juninas
ou simplesmente
de bola ter brincado
De haver-me estado
aos seus lados
nas suas dores de barriga
depois de terem comido
sempre escondido
doces e caramelados
ou simplesmente 
de tê-los das ruas
separados das brigas
 De haver levado
a passear de barco
 e cuidar de seus enjôos
ou de tê-los levado
aos parques, aos circos
ou aos tranqüilos zôos
Não troquei suas fraldas
de cacas amareladas
olhando em seus olhinhos
distraindo-os com chucalhinhos
Com eles nunca brinquei
de esconde, esconde
ou de pular amarelinhas
nem tão pouco 
de bandido e mocinho
Nunca os ensinei
a subirem nas árvores
para buscar a fruta mais madura
Não
só procurei minha própria vida
de trabalho, de egoísmo
e de negócios
Hoje
sentado na velha cadeira
na varanda da vida
vou pouco a pouco
corroendo os ossos
me desfazendo
vivendo meus remorsos
Pergunto a mim mesmo
do fundo já deste fraco coração
que pode fazer alguém
que sempre viveu
fora dos trilhos
como trazer de volta
àqueles olhinhos, os brilhos
e de cada filho, o seu perdão






GilbertoMaha®©

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