Porteiro do paraíso

Eu falei 
que amor 
não se prova
na cama
quem fala isso
não ama
e te digo
muito mais
o amor
é uma coisa
latente
ele não avisa
e de repente
chega
de uma forma
mordaz
Já te falei
Já conversei
Já dei aviso
e falando
sobre isso
chegamos
a conclusões
infernais
Pouco me importa
se conheces
a porta
do paraíso
lá sou porteiro
e para isso
basta
que, em mim
confies
um pouco mais

GilbertoMaha®©

Minha Bússola

Eu 
vivo de nostalgia 
e na boemia 
encontrei
meu lar
Não, oh não
Não corija
o meu prumo
e nem
minha direção
Não traces
o meu caminho
porque conheço
o meu rumo
e mesmo
em desalinho
eu me arrumo
sigo meu coração

GilbertoMaha®©

Novos Rumos

Sigo, agora em estradas de margens quiçá floridas desencantado das vidas da minha vida muito embora tenha tido suas validas que foram meus apogeus Vou em busca de rumos outros com pensamentos já mais soltos em busca dos sonhos meus Me despeço desta vida sem palavrórios e sem discursos Longe dos abraços de ursos e dos tamanduás também Vou em busca de pássaros em revoadas para recordar das minhas amadas que, talvez me quiseram tanto bem Deixo em cada uma o meu apreço meu carinho e minha afeição pois aprendi muito com elas e em pinturas de aquarelas nas molduras em formato de coração GilbertoMaha®©

Brincadeira de mau gosto

Se pensas
que penso
que tu me queres
tanto quanto
te quero

Penso
que não pensas
o quanto
em ti penso
e o quanto me feres
e penso
porque te espero

Se este amor
chegou a ti
desta maneira
da maneira
que chegou a mim
saberias
que não é brincadeira
pois brincadeira
não machuca assim

Gilberto Maha ®©

Infâmia

(De carona com Sá e Guarabira)

Infâmia
eu fui verdadeiro

Infâmia
não fui traiçoeiro

Infâmia
eu tinha ideais

Mas você
tomou um rumo
sem saber a direção
como é que me aprumo
se fiquei na contra mão

Tum, tum, tum
batem em meu peito
e eu não deixo a porta abrir

Já não tenho paciência
em continuar a existir

Esta minha existência
já não tem motivação

Sigo o rumo da ciência
entro em decomposição

Infâmia
veja o que me fez

Infâmia
sua insensatez

Infâmia
você foi mordaz

Me deixou um maltrapilho maltratado
um eunuco incapaz

Agora estou fora do trilho
um maluco enlouquecido
já sem paz

Quem está fora de rumo
desta vez agora sou eu

Já não sei se acordo ou durmo
se é noite ou amanheceu

Tum, tum, tum
Batem na porta do meu peito
agora deixo tudo entrar

Me encontram em contra jeito
pois meu coração foi passear

Infâmia

GilbertoMaha®©

Juízo Vazio

Te quero
minha figura santa
já não adianta
tanto esperar
Se vivo
neste meu
martírio infindo
o tempo
se esvai e indo
já não vai
nos aguardar
E estes nossos
lampejos tolos
por falta de consolos
vão acabar
por nos afastar
Te peço
em tom todo clemente
doce e gentilmente
quero te amar
Amar
com ternura plena
Eu sei que vale a pena
te querer
e te gostar
Gostar como se gosta
de nosso próprio juízo
e apesar disso
deve-se dele se esvaziar

GilbertoMaha®©

Desabrigados

Sofro
e a tristeza
que invade meu peito
é uma constante
tornando meu mundo vazio
Mas tenho o pressentimento
de que sofres comigo

Choro
e o pranto que brota em meus olhos
é uma fonte inesgotável
que abastece um rio
Rio de lágrimas
em que me banho contigo

Errei, errastes, erramos
e agora
somos desfolhados ramos
de uma árvore
que já não nos serve mais
como abrigo

GilbertoMaha®©

Quisera, queria... quem me dera



















Quisera eu
esconder-te em meu abrigo
Quisera eu
aquecer-te em tempestade
Quisera eu
consolar-te em ombro amigo
Quisera eu
estrelar-te em dia, majestade

Eu queria
era, em vôos, te levar
Eu queria
era, em brisas, te guiar
Eu queria
era, em marés, te embarcar
Eu queria
era, em poesias, te rimar

Quem me dera
transmutar-me em flor
Quem me dera
Deixar-me seguir, passo a passo
Quem me dera
delirar-me de amor
Quem me dera
encontrar-me em seu abraço

GilbertoMaha®®

Amargo Remorso







Hoje
sentado na cadeira velha
na varanda da vida
desfilam em minha mente
lembranças e desesperanças
Sentindo meu coração
se apertar, se murchar
quando lembro
dos meus agora adultos
mas antes, minhas crianças
Agora
sinto-me envelhecer
e não ter sabido
em meus braços
os acolher
quando ainda existia a bonança
De ter andado de mãos unidas
levando-os à escola
De tê-los acompanhado
às festas juninas
ou simplesmente
de bola ter brincado
De haver-me estado
aos seus lados
nas suas dores de barriga
depois de terem comido
sempre escondido
doces e caramelados
ou simplesmente 
de tê-los das ruas
separados das brigas
 De haver levado
a passear de barco
 e cuidar de seus enjôos
ou de tê-los levado
aos parques, aos circos
ou aos tranqüilos zôos
Não troquei suas fraldas
de cacas amareladas
olhando em seus olhinhos
distraindo-os com chucalhinhos
Com eles nunca brinquei
de esconde, esconde
ou de pular amarelinhas
nem tão pouco 
de bandido e mocinho
Nunca os ensinei
a subirem nas árvores
para buscar a fruta mais madura
Não
só procurei minha própria vida
de trabalho, de egoísmo
e de negócios
Hoje
sentado na velha cadeira
na varanda da vida
vou pouco a pouco
corroendo os ossos
me desfazendo
vivendo meus remorsos
Pergunto a mim mesmo
do fundo já deste fraco coração
que pode fazer alguém
que sempre viveu
fora dos trilhos
como trazer de volta
àqueles olhinhos, os brilhos
e de cada filho, o seu perdão






GilbertoMaha®©