Soneto a Gilberto Maha






Teus versos tão sublimes, tão vernais
sublinham tuas andanças pela vida!
Boêmio, à noite sempre te convida
para novas histórias sem finais!

Trazes a poesia redigida
no espírito com versos sem iguais!
É poeta de versos pontuais
onde a alma se sente comovida!

Tens carisma, alegria e muito amor,
pelas mulheres nutre a tua paixão,
trazes sempre um sorriso amplo contigo,

fazes da vida um palco de humor,
tens sempre muito amor no coração,
sempre divides o teu ombro amigo!

Do amigo Tulio Rodrigues

NÃO ERA


Não era
uma estrela
era uma mancha
na vidraça
Não era
uma chuva
era o trinco
era a porta
que nunca se abria
em pequenas doses
quando a hora avança
para o escuro
como um rio
que inevitavelmente
segue seu curso
Nas cordas
do meu violão
Na melodia
que me chama
No verso
que te ausenta
Não era
o meu corpo
era a falta
em abandono
(nem teus olhos
mas a saudade
que nunca opaca)
Não era
mais a vida
era a medida
num resto dela
Não era
um trapezista
era eu
neste mundo
de equilibrista
(um palhaço
de lágrimas ocultas)
Não fosse propício
Não fosse a lua
A prata do breu
Eu jogado num sofá
crendo como um ateu
A janela
o quarto da vida
A mancha na vidraça
(Não fosse)
o prostituto
desta mentira
que só eu creio
mas não
(não)
era uma estrela

GilbertoMaha®©

Pernas para o ar


Cancan
Canquem
Canquim
Cancom
Cancum
de pernas para o ar
não se chega
a lugar nenhum

GilbertoMaha®©

Detalhe na multidão

A minh’alma está em festa
vou fazer seresta
p’ro meu coração
Vou cantar apaixonado
sempre acompanhado
do meu violão
Hoje é noite de alegria
até raiar o dia
vou cantarolar
Amanhã é dia de feira
e sem fazer besteira
eu vou trabalhar
Pego firme no batente
e toco pra frente
toda minha tarefa
Saio meio atordoado
mas com todo o cuidado
pois não tenho pressa
Esperando outro domingo
de churrasco e bingo
para me alegrar
Esta é a minha vida de pobre
mas de sentimento nobre
e Deus a me acompanhar
Afinal é festa junina
pego minha meninha
morena Maria Rita
sempre tão bonita
em seu vestido de chita
em seus olhos um clarão
Sigo direto para o baile
e lá ela é o detalhe
no meio da multidão
E quando a noite finda
manhãzinha ainda
em meus ouvidos, guizos
Sigo firme p’ra minha lida
noite mal dormida
e eu sou só risos

GilbertoMaha®©

Poema para Além Mar


Permita-me
ver-te bem
além dos olhos
Além das espumas
de Abrolhos
Além do mar
sem fim
Permita-me
ver-te a alma
incandescida
pelas noites
mal dormidas
por não estares
junto a mim
Permita-me
ver-te além
da alvorada
após a noite
maltratada
a procura
de um jardim
Permita-me
ver-te além
do horizonte
que procuras
não sei onde
nem em Povoa de Varzim
Permita-me
oferecer-te mãos amigas
longe das invejas
e sem intrigas
Colo quente
incandescente
Coração latente
a te ofertar
tudo isso
cá do outro lado
deste seu
além mar

GilbertoMaha®©

Entre o papel e a pena

Ser poeta vale a pena
Muitas vezes
sinto pen
em ver poemas
as dezenas
sem créditos
fora de cena
depois de molhados
em risos e prantos
sob suas penas
jogados pelos cantos
Nos versos e prosas
as penas são rosas
Vale a pena
Sim vale a pena
o que fica
entre o papel
e a pena

GilbertoMaha®©

Abismo, palco da vida



Para mim abismo
além de um palco da vida
nada mais é
Muitas vezes cismo
nele dou cambalhota
e me aprumo
na ponta do pé
Quem
na beira do abismo
nunca se viu
quando achava
que tudo estava perdido
o elo totalmente partido
e de repente
a solução surgiu
Na beira do abismo
todos somos bailarinos
Só mudam os figurinos
e os personagens
somos nós mesmos
Animais domésticos
fingindo-se de felinos

GilbertoMaha®©

As Peças e o Relógio



Diz a razão que a simples soma das peças que compõem um relógio,
não resulta no relógio. É preciso mais que isso:
as peças devem esar obetivamente organizadas para atingirem o seu objetivo,
que é a medição do tempo.
Vale dizer: a soma das partes não é necessáriamente igual ao todo.

GilbertoMaha®©


ADEUS

Adeus
Senti
a dor pungente
da trapaça
chegar solene
e com graça
até aos recantos
íntimos
dos sonhos meus

Sofri
mas sem ter medo
da desgraça
porque por onde
ela passa
não descobrirá
meus sonhos
que são seus


Parti
desse meu mundo
de cachaça
de boemia
e de arruaça
só para atender
os pedidos
e os apelos teus

Fugi
desse seu ninho
só de traças
que enfeitam árvores
sobre as praças
tornando
dias claros
em negros breus

Segui
à frente do seu vinho
já sem taças
Velho, amargurado
por entre braços
que entrelaças
nos abraços
dos fariseus

Ressurgi
ao sentir
que a pungente trapaça
não chega solene
nem cheia de graça
nem abala
meus sonhos
nem os sonhos seus

Se sofri
sem ter medo
da desgraça
é porque sei
que por onde ela passa
nem resvalam
nos seus sonhos
que já foram meus

Se parti
da boemia e da cachaça
e desse mundo, por pirraça
é porque fui em busca
de um mundo
mais profundo
atendendo aos pedidos
e apelos teus

Se fugi
das traças
do seu ninho
foi porque
durante seus apogeus
me senti pequenininho
nas escuridões das praças
durante os seus negros breus

Seguir
agora vou em frente
alegre e contente
sem você na mente
e mesmo que de repente
venhas docemente
pedindo-me em tom clemente
eu te digo: Adeus



GilbertoMaha®©

Desejos

Quando puxares
com seus dentes
do meu peito, os pelos
atenda meus apelos
ardentes
e não deixe de dar
umas mordidinhas
em meus mamilos
tão bom senti-los
pertencer-te





Venha
não te acanhes
e nem detenha-te
seja solícita
e contente
amante de alma
e corpo presente
sutil
faminta
e do mundo
ausente
Quero-te no cio
sentir o macio
de teus seios
e em devaneios
saciar minha sede
Deitar-te
em uma rede
amar-te
e dormir
fazer-te

Boa noite

Boi
Boi
Boi
Boi
da cara preta


Gilberto Maha®©