BAR CELONA


Dedicado a meu irmão Ney Lúcio

Sentir-me mal
ou sentir-te
pra mim
como tal
já é coisa natural
Muitos vêem-te
como um fã
pois és
a eterna catalã
Entre artes
contrastes
e desastres
do que é velho
infinitos
e o que há
de moderno
nos granitos
sufocam
entre outros
Ghaudí e Miró
escandalosos
em seus gritos
e nos pincéis
ah! Goya e Dalí
em polvorosa
e eu
em minha prosa
Eles no amarelo e vermelho
E eu na verde e rosa
“Mirando las guapas”
encontro na “Rambla”
a mais formosa
Passeando pelas “carres”
que lá em baixo
em Madrid, é “calles”
“Ojalá”, por Deus
não me encalhe
e que a memória
não me falhe
no que eu quero dizer
por fim
e não quero dizer
por ninguém
nem tão pouco
por mim
mas é que eu vejo
a estátua deste “Collon”
diante deste jardim
ou, como queiram
diante deste porto
em seu ilustre
desconforto
Na memória
nem tão vivo
nem tão morto
apontando
para a América matrona
ou, simplesmente
pedindo carona
com aquele dedo em riste
Não quero arriscar
nenhum palpite
Como já dizia
a eretíssima Madona
quando aqui veio cantar
ou, como queiram
encantar
no nosso queridíssimo
Bar Celona
Mas, amanhã estarei
em sua homenagem
curado deste porre
Hoje
ninguém me socorre
Nem Bebeto a bailar
E, inteiramente, de careta
chegarei a conclusão
de que
de onde estou
estou menos
para Barcelona
e mais
para Barceloneta

GilbertoMaha®©
Barcelona, primavera de 1998

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